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Ética na escola
A cultura organizacional está associada a como as pessoas estão acostumadas a agir dentro da instituição e àqueles pensamentos mais automáticos (reflexos) e/ou instintos que possuem ao realizar uma tarefa. Um questionário pode estar envolto em vários procedimentos quando se trata de uma rotina bancária, assim como o funcionário que o preenche tem em mente vários procedimentos de segurança. O inverso ocorre num questionário de pesquisa de opinião, por exemplo. O perfil do entrevistador e da instituição vai ser diferente nas situações descritas.
Assim, a moral, ou seja, aquilo que um grupo considera “normal” pode diferir de uma organização para outra.
A ética, por sua vez, é o resultado da reflexão do trabalhador com base na moral que está inserido. As crenças e a moral derivadas e as regras éticas permanecem conscientes e estão explicitamente articuladas porque servem à função normativa ou moral de orientar os membros do grupo em como lidar com certas situações chaves e em treinar novos membros a como se comportar.
A organização pode estimular esse pensamento no trabalho, fazendo com que o comportamento do trabalhador seja fruto da reflexão, ético. A partir dessa reflexão, é possível aprimorar a moral, pensar num ambiente escolar construído colaborativamente. Neste sentido, há três características desejáveis: alta tolerância a riscos, nível baixo (ou moderado de agressividade) e foco tanto nos fins quanto nos meios.
O primeiro fator para estimular o comportamento ético é a alta tolerância a riscos. O profissional para crescer na sua reflexão deve ser convidado a ousar nas suas atividades. Um professor sabe que poderá aplicar provas e assim mensurar de alguma forma o conhecimento dos alunos. Com isso preencherá seu diário de classe, cumprirá suas obrigações e receberá seus salários. Mas será que ele está sendo ético (se levarmos em consideração a atividade fim da escola)? Evidente que não. Há muitas formas de catalisar a aprendizagem dos estudantes. Se há muitas formas de melhorar a aprendizagem nos estudantes, a escola está disposta a correr o risco de permitir e capacitar os servidores para que o façam? Há disposição a ampliar o debate sobre novas maneiras de ensinar e aprender? Está disposta a questionar os paradigmas sociais? Portanto, para que haja reflexão, é necessário comportamento reflexivo, ético. E para tanto, correr riscos. Evidentemente que os riscos devem ser tratados. O trabalhador em educação e a instituição devem ter uma visão de aprender com os erros e não uma visão puramente punitiva do processo.
Outro ponto inerente ao ambiente ético é o nível de agressividade da instituição. Se pensarmos que o trabalhador em educação tem que ter liberdade para pensar e exprimir suas ideias, fruto da reflexão, um ambiente competitivo dificilmente favoreceria este tipo de comportamento. O ambiente competitivo levaria as pessoas a serem agressivas umas com as outras e nesse tipo de ambiente cria-se barreiras a comunicação. Se o outro é meu “concorrente” por que escutaria a sua opinião? E por que a levaria adiante, propondo uma reflexão coletiva? Nesse caso é melhor expressar minha opinião e usar dos vários meios para que ela seja reconhecida e consequentemente, eu seja valorizado. Poderia inclusive, tomar a ideia do outro como minha.
O foco não apenas nos objetivos, mas nos processos também corresponde a um pensamento ético; não bastam resultados, mas importa a qualidade destes. O foco nos meios (ou no processo) leva a uma reflexão de como os resultados foram atingidos. Se pensarmos no exemplo inicial onde o docente aplicou provas, entregou notas e recebeu seus salários, há objetivo atingido, porém os meios utilizados não levaram em consideração as potencialidades que poderiam ser alcançadas com métodos de ensino e avaliação diferentes. Se soubermos que podemos alcançar resultados melhores é ético, por que não prestar atenção aos meios (processo)?
Portanto, a alta tolerância a riscos, baixo nível de agressividade e foco tanto nos fins quanto nos meios levam a maior reflexão dos trabalhadores em educação. A reflexão e a ética fazem com que os trabalhadores em educação reflitam sobre seu trabalho e suas práticas, melhorando a governança e os processos da instituição como um todo.
Acesse também os materiais complementares:
Dica de leitura
CORTELA, Mario Sérgio. Educação, conveniência e ética: audácia e esperança! Cortez Editora, 2015.
IN 01/2016 CGU/MP
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Art. 21. São princípios da boa governança, devendo ser seguidos pelos órgãos e entidades do Poder Executivo federal:
I - liderança: deve ser desenvolvida em todos os níveis da administração. As competências e responsabilidades devem estar identificadas para todos os que gerem recursos públicos, de forma a se obter resultados adequados;
II - integridade: tem como base a honestidade e objetividade,elevando os padrões de decência e probidade na gestão dos recursos públicos e das atividades da organização, com reflexo tanto nos processos de tomada de decisão, quanto na qualidade de seus relatórios financeiros e de desempenho;
III - responsabilidade: diz respeito ao zelo que se espera dos agentes de governança na definição de estratégias e na execução de ações para a aplicação de recursos públicos, com vistas ao melhor atendimento dos interesses da sociedade;
IV - compromisso: dever de todo o agente público de se vincular, assumir, agir ou decidir pautado em valores éticos que norteiam a relação com os envolvidos na prestação de serviços à sociedade, prática indispensável à implementação da governança;
V - transparência: caracterizada pela possibilidade de acesso a todas as informações relativas à organização pública, sendo um dos requisitos de controle do Estado pela sociedade civil. As informações devem ser completas, precisas e claras para a adequada tomada de decisão das partes interessas na gestão das atividades; e
VI - Accountability: obrigação dos agentes ou organizações que gerenciam recursos públicos de assumir responsabilidades por suas decisões e pela prestação de contas de sua atuação de forma voluntária, assumindo integralmente a consequência de seus atos e omissões.
§ 1o Para uma efetiva governança, os princípios devem ser aplicados de forma integrada, como um processo, e não apenas individualmente, sendo compreendidos por todos na organização.
§ 2o Os agentes da governança institucional de órgãos e entidades, por subsunção a tais princípios, devem contribuir para aumentar a confiança na forma como são geridos os recursos colocados à sua disposição, reduzindo a incerteza dos membros da sociedade sobre a forma como são geridos os recursos e as organizações públicas.

