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Controles Internos: Custos ou Benefícios?

Muitos trabalhadores em educação podem entender controles internos como um custo, um procedimento que atrasa o trabalho e vai contra os objetivos institucionais no cumprimento de determinado processo, atividade, tarefa.  Embora não esteja exatamente certo, esse tipo de raciocínio é indispensável para pensarmos a eficiência dos controles internos. O passo seguinte é pensarmos nos benefícios que os controles internos podem trazer.  Para que um controle interno seja implantado, é necessário que ele traga mais benefícios do que custos. Nesse sentido, é interessante conhecer três conceitos: apetite a riscos, risco inerente e risco residual.

O apetite a riscos é o quanto a organização está disposta a aceitar em termos de riscos para atingir seus objetivos. Empresas da área de recreação podem correr mais riscos do que empresas na área de mineração, por exemplo. O apetite a riscos pode variar também conforme a cultura organizacional, histórico, posição no mercado, etc. Se pegarmos um exemplo de uma empresa qualquer, ela pode abrir mão de muitos controles (custos), em favor do alcance dos seus objetivos. Tal empresa terá um grande apetite a riscos.

O segundo conceito que queremos apresentar é o de risco inerente. O risco inerente é o risco que a organização corre caso não tenha nenhum controle no processo (atividade ou tarefa). É o risco inerente ao processo. Vamos pensar em uma fila de banco numa porta giratória sem detector de metais. Todas as pessoas passariam direto, sem nenhum inconveniente de trancamento, vigilância, etc. Esse seria o processo desenhado sem controle interno.

O mesmo exemplo num cenário controle seria uma porta giratória normal onde as pessoas passam e são travadas caso portem algo de metal. Nesse caso há os benefícios do controle: diminuição dos roubos a bancos, menos roubos de clientes, proteção à vida de funcionários e clientes. Os possíveis custos seriam: a compra e manutenção de uma porta com detector de metais, importunação de clientes, um funcionário para cuidar da porta. Neste exemplo, há evidências de que o controle traz mais benefícios do que custo.

Vamos agora analisar outro exemplo. O setor responsável por um terminal de ônibus resolve começar a contar os passageiros e definir o número de ônibus disponível de acordo com o número ;/.contado. Os riscos inerentes seriam aqueles antes da implantação do controle: pouco ônibus frente ao número de passageiros em horário de pico e ônibus esvaziados nos demais horários (a ausência de controle faz como que a empresa não tenha informações para dimensionar os ônibus). Em ambos os casos haveria ineficiência do transporte, no primeiro exemplo haveria insatisfação do usuário e no segundo, gastos de recursos desnecessários para manter uma frota circulando frente ao pouco número de ocupantes.

Se o apetite a riscos da empresa de ônibus for extremo (em benefício do lucro), ela poderá colocar no horário de pico o mesmo número de ônibus que coloca nos horários com baixa utilização, desconsiderando qualquer norma de segurança, deixando com que os passageiros se autorregulem na entrada do ônibus ou à espera da lotação seguinte. Outro cenário seria o apetite a riscos suficiente para transportar um número de passageiros maior do que o número de acentos, porém menor do que o número de quilos (ou de passageiros em pé) que o ônibus consiga carregar. Com a contagem dos ocupantes, a empresa definirá qual estratégia utilizará com base no apetite a riscos.

Se a empresa tiver como principal objetivo o lucro e um alto apetite a risco, sabemos que muitos passageiros irão em pé. Se a empresa tiver como um dos seus objetivos prestar um bom serviço e atender aos clientes de forma satisfatória, com um alto apetite a risco, fará o possível para fazê-lo, mesmo que tenha que abrir mão de algum lucro. Portanto, o apetite a risco não significa necessariamente o lucro. O apetite a riscos direciona com que sagacidade a empresa irá perseguir os seus objetivos, sejam eles quais forem.

Acesse também os materiais complementares:

Conheça a Gestão de

Riscos no IFPR

O apetite a risco

do IFPR

Como estão os controles na

era da adaptação?

Risco inerente e risco residual

Apetite de risco

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Compliance na prática: Qual a real importância do "Apetite ao Risco"?

IN 01/2016 CGU/MP

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Art. 2o Para fins desta Instrução Normativa, considera-se:
(...)
II - apetite a risco: nível de risco que uma organização está disposta a aceitar;
(...)

XIII - risco: possibilidade de ocorrência de um evento que venha a ter impacto no cumprimento dos objetivos. O risco é medido em termos de impacto e de probabilidade;

XIV - risco inerente: risco a que uma organização está exposta sem considerar quaisquer ações gerenciais que possam reduzir a probabilidade de sua ocorrência ou seu impacto;

XV - risco residual: risco a que uma organização está exposta após a implementação de ações gerenciais para o tratamento do risco;

COSO (2017)

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Perguntas à administração
 
Todos os membros da administração – e não apenas o diretor de riscos – estão preparados para formular como o risco é considerado na definição da estratégia ou nas decisões de negócios? Qual é o apetite a risco da organização e como ele poderia influenciar uma decisão específica? As respostas a essas perguntas podem nos ajudar a entender com maior precisão o mindset da organização na tomada de riscos.
 
O conselho também pode pedir que a alta administração fale não somente dos processos de risco, mas também sobre a cultura da entidade.
 
Como a cultura possibilita ou inibe a tomada responsável de riscos? Como a administração monitora a cultura de riscos e quais mudanças ocorreram? À medida que as coisas mudam – e elas mudam, estando ou não no radar da entidade – como o conselho pode ter certeza de que haverá uma resposta adequada e tempestiva da administração?

©2019 por Três linhas Defesa - pensando o controle interno numa perspectiva institucional e colaborativa

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